Diante das enormes portas de jacarandá entalhadas com figuras de leões, respirei fundo, porque eu já imaginava o que o rei iria me dizer, pensava em todas as broncas que meu pai já havia me dado. Lembrando-me da noite anterior pude perceber que Phillip me seguiu pela floresta e estava atrás de mim quando cheguei à cripta na noite anterior. Ele estava no castelo o tempo todo e eu fui até a cabana de forma imprudente. Como pude ser tão burra e acreditar que ele sairia de perto de mim antes do nosso casamento? Como pude achar que ele iria querer um tempo ou alguma distância, qualquer que fosse essa distância? Ele era quem mais queria essa cerimônia, o casamento e sua coroação. Tomei coragem e empurrei as portas com força. Para minha surpresa, o Conde estava sentado de frente para o rei.
- Vossa Majestade me chamou? - falei curvando-me, quando ambos viraram para olhar diretamente para mim
- Sim, Vossa alteza pode sentar. - papai falou apontando para a cadeira ao lado de Lucas. - Conde, continuaremos nossa conversa mais tarde na festa. - o rei falou a Lucas, apontando para a porta, ele se levantou e seguiu para sair do escritório
- Onde você foi ontem à noite? Por que um dos meus guardas me trouxe o informe de que ontem à noite você desmaiou próximo aos portões do palácio, vinda da floresta? Se não fosse seu pretendente, o futuro rei, talvez se outro a tivesse visto naquele estado... você ainda está fraca e se machucou - ele apontou para o curativo em minha mão - mas é teimosa, não me obedece! Pensei que quisesse se casar hoje! - ele terminou batendo com o punho na enorme mesa de madeira sólida entre nós e se colocando de pé.
- Desculpe-me, papai. - falei pensando na desculpa que daria. - Depois de tudo que ocorreu, da doença de Phillip, vocês presos nos Cárpatos e todos os vampiros no processo, pensei em colocar ramos de lavanda em meu buquê, para trazer sorte ao casamento. Mas não havia lavanda florescendo em nosso jardim, e lembro de visto algumas próximas ao castelo, nas proximidades da floresta. Acabei me machucando, também não imaginava que ainda estava tão fraca... - falei rapidamente e quase sem respirar, imaginando o que se passava na mente do rei e como ele iria ou não acreditar na minha mentira, tentei ser o mais convincente
- Você quer que eu cancele o casamento? - o rei falou com uma voz áspera e foi interrompido por uma batida na porta
- Vossa Majestade me chamou? - Phillip entrou imponente e, sem olhar para mim, sentou-se ao meu lado, quando o rei o mandou sentar-se com um gesto
- Príncipe Phillip, a decisão é sua, pois faltam poucas horas para a cerimônia e não sei se acredito que alguns ramos de lavanda seriam o motivo desta fuga noturna de minha filha, mas em poucas horas essa teimosa será sua responsabilidade, por isso quero a sua decisão a respeito do assunto. - o rei falou apontando em minha direção
- Lavanda? Foi por isso que te encontrei ontem desacordada e sendo acudida por um dos guardas do castelo? - ele finamente olhou em meus olhos e engoli em seco, nervosa e tremendo
- S... Sim, lavanda... ajuda em começos. - falei baixinho - eu li em um livro antigo...
- Vossa Majestade, acredito que é uma boa causa. A princesa devia estar ansiosa por hoje, toda essa festa depois de tantas desventuras. Vamos prosseguir. Vou para meus aposentos me arrumar, temos pouco tempo. - rapidamente meu noivo se levantou e saiu sem olhar para trás.
- Você ouviu seu noivo. Levante-se e vá se arrumar. Pedirei a sua aia para colocar os ramos de lavanda em seu buque. Agora vá! - o rei ordenou apontando para a porta.
Levantei e caminhei apressadamente para a porta. Subi as escadas com a mesma velocidade. Chegando ao meu quarto e fechando a porta. Entrei em meu banheiro e deitei na banheira para um longo banho aromático. Ao final do banho rapidamente chamei minha aia para me auxiliar, pois eu precisava me arrumar e o vestido era grandioso. Ainda faria o cabelo e uma leve maquiagem.