Capítulo 23 - A cura

Subi para o quarto onde estava antes hospedada, sentindo ainda um pouco de tonteira e quase não firmando os passos. Enquanto isso, o servo de Phillip acompanhou Claus ao quarto do príncipe. Por minha porta entreaberta pude vê-lo entrar no quarto. Embora estivesse curiosa para entender esta cura, ouvi os gemidos de Phillip e pude ouvir os passos quase silenciosos de Claus. Um calafrio assustador percorreu minha espinha e resolvi entrar no meu quarto.

Entrei no quarto, pensei em trocar de roupa, pois eu ainda usava a mesma roupa da ópera. O vestido de cetim vermelho, mas parecia que minha curiosidade não me deixaria em paz, e não saber o que ocorria no quarto de Phillip me deixava tensa, então resolvi correr silenciosamente pelo corredor até o quarto do príncipe. Cheguei até a porta entreaberta do quarto de Phillip e ouvi parte da conversa de Claus com Phillip, que mais balbuceava do que respondia.

Pude ver quando Claus retirou do bolso uma pequena adaga dourada, apróximadamente do tamanho de um dedo, cortou o próprio pulso, que imediatamente começou a sangrar. Logo em seguida ele colocou o pulso sobre a boca aberta de Phillip, para que ele bebesse de seu sangue. A cena perturbadora me embrulhou o estômago e fez minha cabeça rodar numa forte tonteira me fazendo cair de joelhos batendo na porta do quarto.

Claus rapidamente virou para olhar na direção do som auto de meu corpo batendo no chão, olhando em minha direção, não aguentei e praticamente vomitei, enquanto ele falou com uma voz grave e suave:

- Como sua alteza pressentiu que Phillip estava bem perto da morte? - ele encarou-me olhando no fundo dos meus olhos

Levantei minha cabeça para encarar seus olhos e respondi:

- Não sabia que vampiros podiam morrer... - recuperando parte do fôlego continuei - foi assim que você o transformou em vampiro? - perguntei sem muito interesse, o estômago ainda embrulhado e doendo.

Enquanto Phillip bebia do sangue parecendo sedento pelo líquido, Claus prosseguiu falando, como se não tivesse um vampiro sugando seu sangue pelo pequeno corte em seu pulso.

- Não, antes eu bebi todo o sangue dele, depois eu fiz isso. - havia um tom de maldade em sua voz, junto com o sorriso sádico que complementou a resposta

Levantei-me com se tivesse levado um susto, com uma injeção de adrenalina, e saí correndo dali, para o meu quarto, tranquei a porta, empurrei a penteadeira para a frente da porta e resolvi tomar um banho quente, para talvez tentar apagar as cenas horripilantes de minha mente. Adormeci algumas vezes dentro da banheira, com a água quente a me ninar, mas todas as vezes as imagens assustadoras de Phillip sugando o sangue de Claus vinham à minha mente.

Deitei na cama, olhando em volta naquele quarto lindo, que parecia feito para mim. Fiquei por muito tempo admirando os afrescos pintados no teto acima de minha cama. As pinturas, as cores e os tecidos pareciam ter sido escolhidos por mim, nada naquele cômodo me desagradava, pelo contrário. Uma das colchas sobre a cama tinha o mesmo bordado que uma das minhas colchas no palácio de meu pai. Todas essas imagens que agora eu absorvia aos poucos com o olhar me extasiavam. "Como Phillip poderia arrumar este quarto assim? Quem será que decorou este aposento?" Aos poucos o sono foi chegando e dormi profundamente. Um sono profundo e reparador como há muito tempo eu já não tinha. Tive sonhos bons, em que eu dançava com Phillip ou o apreciava dormindo despreocupado e sem camisa, e outros assustadores, com Claus me atacando e mordendo meu pescoço.