Acordei na manhã seguinte em minha cama no castelo. Dei um pulo da cama ao ver Anna entrar pela porta: “Você me disse que iria chegar mais tarde hoje. Onde está sua capa?” A vontade de contar todo o ocorrido era grande, mas ela ficaria com medo e não me deixaria voltar até lá. Eu nem sabia se realmente queria voltar até aquele lugar. Respondi a ela simplesmente: “Senti saudades de meu quarto, nem tudo é belo além dos portões do castelo. Nem adentrando à floresta.
Após um bom banho e depois de me trocar desci para tomar o café da manhã com meu pai. Descobri então que meus planos de voltar para a cabana deveriam ser adiados, porque o rei havia planejado um jantar de noivado, com toda a nobreza presente e meu pretendente esta noite. Ele iria conversar sobre a aliança antes que eu conhecesse. Uma ansiedade e um nervosismo me consumiram.
Por isso os arranjos e todas as belas decorações no salão de gala do castelo. “Um jantar, papai? Por que não me avisou ontem? O que vestirei?” Ele estava muito sorridente, pois estava feliz com minha preocupação quanto ao que vestir. “As costureiras vieram ontem para isso e voltarão hoje para vesti-la.” Ele estava menos preocupado que da primeira vez que conversamos sobre o casamento arranjado.
Fiquei boa parte da manhã no meu quarto pensando, queria voltar àquela cripta e ter coragem de falar com aquele ser belíssimo. Mas eu tinha medo e os compromissos deste dia já seriam demais para mim. Não poderia sair após o noivado e se o rei quisesse falar comigo mais tarde? Era tudo muito arriscado. Estava tudo muito tenso.
As costureiras chegaram no meio da tarde. Vesti um lindo vestido em cetim rosa, cheio de fitas e pedrarias. Parecia uma verdadeira princesa. Mas meus pensamentos voltaram para o casamento. E se meu pretendente fosse um velho, feio e barrigudo. Como poderia eu com meus 17 anos me casar com alguém mais velho.
Era difícil não pensar neste tipo de coisa, o rei não me dava detalhes sobre meu pretendente. Um reino distante e um príncipe eram as únicas coisas que eu sabia. O que mais me perturbava era não ter minha mãe para conversar sobre estas coisas. Eu não fazia idéia de como deveria proceder. Como seria casar com alguém? Ora, eu deveria ter alguém para falar comigo sobre isso. Mas não tinha. Uma ponta de tristeza encheu meus olhos de água.
A tarde caiu e pude ver o movimento frenético de carruagens chegando de minha janela. Só podia sair de meu quarto quando o rei me chamasse. Assim mandava a tradição. Então eu fiquei ali, sentada, pronta e só apreciando as luzes, o movimento e a nobreza chegando pela porta da frente. Avistei uma carruagem negra chegando, com quatro belíssimos cavalos de raça e pude ver alguém saltar da carruagem acompanhado de seu servo. “Será que era ele o príncipe? Parecia mais novo do que eu pensava. Mas de longe...” Ele estava bem vestido e também parecia bem mais abastado do que eu imaginava.
Acompanhei a carruagem com os olhos e vi quando ela foi colocada atrás do castelo distante das demais. “Estranho!” Pensei. Um dos cavalos olhou para cima e vi seus olhos como chamas vermelhas. Meu coração disparou e comecei a tremer, aquilo não era um cavalo normal. Tive uma visão ainda mais pavorosa quando o cavalo arrebatou do chão com sua boca uma ratazana e a devorou lambendo o sangue que havia escorrido pelo chão.
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