Peguei uma das taças enquanto Phillip pegou a outra. Pude ver quando ele rapidamente virou a taça de vinho bebendo tudo em um único gole. Senti uma leve tonteira, talvez pela tensão de todas as minhas recentes descobertas, e preferi não beber. Saímos da biblioteca e seguimos para o salão. Do alto da escadaria toda ornamentada de flores, que descia em uma bela cascata para o grande salão de baile onde todos dançavam, comiam e bebiam. Havia muita alegria no ar, somente eu estava confusa, muito cansada e não muito alegre.
Entreguei a taça de vinho na mão de um dos garçons que serviam os convidados. Eu estava um pouco pálida e muito assustada pelas minhas recentes descobertas. Phillip caminhou, passando por mim, até meu pai, que acenou para que eu fosse em sua direção. Atravessei o salão em direção a meu pai e Phillip, meu pretendente. Antes que eu pudesse alcança-los, pude ver Phillip retirando do bolso um lenço bordado. Quando eu estava a três passos de distância deles, ele ajoelhou-se no chão diante de mim, em frente ao meu pai e abrindo o lenço perguntou: “Vossa alteza, aceita se casar comigo?” Vi meu pai apoiar sua mão sobre o ombro de Phillip, como forma de dar sua aprovação ao gesto e me encarou a espera da resposta. No meio do lenço um belo anel encravado de vários diamantes.
Respirei fundo, pois neste momento todos no salão já olhavam para nós e o salão tão cheio de sons já havia ficado silencioso. Respondi friamente: “Claro, se é da vontade de meu pai.” Um sorriso de alegria surgiu no rosto do rei e Phillip se levantou apressadamente para colocar um lindo anel de brilhantes, que antes estava enrolado no lenço em meu dedo. Após esse momento ele me levou ao centro do salão para uma valsa.
No jantar, além do banquete, tivemos vários brindes, mas eu estava tão tonta e confusa com tudo que não bebi sequer uma gota de vinho, preferindo água, toda a nobreza se despediu aos poucos e os que ficaram se recolheram aos inúmeros aposentos de hóspedes. O príncipe dormiria por aquela noite no castelo e por isso também se recolheu aos seus aposentos. Segui para meu quarto pouco antes de meu pai se despedir de todos.
Estava muito assustada e confusa para conseguir dormir. Caminhei pelos corredores do castelo. Sabia que não precisaria voltar à cabana esta noite. Ele estava ali. A criatura bela dos olhos negros profundos, dos cabelos negros ondulados, pálido, alto e extremamente forte. Dormindo num dos aposentos de hóspedes. Anna me encontrou e me levou de volta para meu quarto. “Vossa Alteza precisa descansar, está abatida e pálida. Nada de fugir esta noite.” Perguntei a ela em que quarto ficara meu pretendente. “Alteza, não faça nada de errado. Amanhã o verá no café-da-manhã. Acalme-se” Mas eu precisava saber e sempre conseguia persuadir Anna à minha curiosidade.
Aguardei em meu quarto até que os sons todos no castelo acabassem. Minha mente vagava em todas as descobertas recentes dos últimos dias. Lembrei da primeira vez, há dois dias, em que entrei na cabana, seguindo para a cripta. Lembrei da imagem de Phillip deitado dentro de um caixão. Tantas dúvidas brotavam no fundo de minha mente, todas as minhas inseguranças e medos surgiram desse momento. Eu tinha que evitar ser pega por alguém, mesmo um servo não poderia me encontrar, pois eu pretendia fazer uma visita noturna proibida. Na certeza de que todos dormiam atravessei os corredores do castelo em direção ao quarto onde dormia Phillip.
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