Retornando da cripta, aproximadamente meia-hora depois, as roupas de Philip agora estavam limpas e ele parecia diferente do Philip que me carregara até ali. Ele sentou-se na cama ao meu lado, permaneci estática, pois precisava assimilar todas aquelas cenas de horror. Senti sua mão gelada subir pelo meu pescoço até meu queixo. Ele levantou minha cabeça e eu sabia que iria ouvir uma bronca a respeito do que aconteceu. Olhando em meus olhos ele falou:
- Alteza, vou tentar lhe fazer entender. Você será minha esposa em breve, você me pertence há muito tempo. Não quero adiar mais o nosso casamento. Você está fraca e aparenta estar doente. Vou levá-la ao castelo hoje, você não sairá até se recuperar. Vou vigiar seu sono por hoje.
- Como você me encontrou na floresta? Você não me seguiu, eu não te vi! Você ouviu meus gritos? - falei aterrorizada.
- Segui, de longe, mas estava bem próximo. Ouvi quando você gritou e corri para socorrê-la. Não pretendo arriscar te perder.
- Achei que você não tivesse me seguido. - falei levantando-me para sentar ao lado dele na cama – o que aconteceu depois que você chegou? Como aqueles lobos morreram? Eram muitos lobos...- pisquei lentamente lembrando do pavor que senti
- Vinte, uma alcatéia inteira. Eu simplesmente os matei, precisava te proteger – ele falou se afastando.
- Estou com medo, Phillip... - afastei-me dele tentei me levantar, mas a fraqueza me fez cair sentada – não consigo voltar para o palácio, vou dormir por aqui
- Vou levar você até o palácio, já te informei – ele segurou forte meu pulso
- Você vai acabar me machucando, quando você me carregou, tive medo... você parecia um animal! - falei soltando-me da mão dele e levantando da cama.
- Por que? Por que está fazendo isso? - ele falou com uma voz mais suave, alcançando minha bochecha para acariciá-la.
- Se se transformar como antes, você pode me machucar? - perguntei me afastando dele
- Eu nunca a machucaria, tenho controle sobre meus poderes. Precisava usá-los para te proteger. Você ia virar a refeição daqueles lobos. Você não tem ideia do que eles pensavam
- Você precisa me dar umas respostas – eu falava com certa autoridade ficando de pé e dando voltas pelo quarto, ouvindo o ranger das tábuas do piso – preciso saber... de que você se alimenta?
- De sangue, mas não humano... de animais como aqueles lobos. - ele ergueu a cabeça encarando-me – você está muito nervosa, responderei tudo o que você quiser saber.
- Por que quer que eu volte para o palácio? Por que não posso passar a noite aqui? - perguntei me ajoelhando na frente dele e apoiando minhas mãos em seus joelhos.
- Porque só posso te proteger durante a noite, se acontecer algo a você durante o dia não poderei te ajudar e você está fraca, aparenta estar doente, não quero adiar o casamento, você precisa melhorar. Preciso leva-la para o palácio, seu quarto e sua cama.
- Não entendi, por que não pode me ajudar durante o dia? - perguntei subindo minhas mãos lentamente
- Porque em meu reino criei uma proteção para a luz do sol, que não há em seu reino. Se eu sair, durante o dia morrerei. - ele falou segurando minhas mãos
- Você vai me levar ao palácio, mas não vai ficar lá? Por que? - senti a fraqueza voltar e cai sentada no chão.
- Vou levá-la ao palácio, você precisa descansar. Fico com você até você dormir. Depois partirei. Preciso que você descanse.
Ele me levantou e pegou-me novamente em seus braços. Desacordei.
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