Embora estivesse com vontade de estar na presença do príncipe, sabendo que ele era um prisioneiro no meu quarto, aproveitei para dar uma volta nos jardins após o almoço, mesmo sabendo que o príncipe me ordenara retornar ao meu quarto. Precisava do ar freco e de um tempo com meus pensamentos. Nunca conseguiria responder às perguntas dele. Todas as vezes que o beijei ele dormia. E o fiz intencionalmente.
Uma luz rapidamente clareou meus pensamentos, percebi que eu estava completamente apaixonada por ele. Não fazia idéia do que dizer a ele. Não teria coragem de me declarar. Mas os pesadelos e todo o restante sobre quem ou o que ele era me assustavam. Como eu conseguiria superar tudo.
Senti uma brisa gelada e, com receio de adoecer novamente, entrei no castelo. O casamento seria em uma semana e agora eu não queria adiá-lo. Subi as escadas em silêncio. Entrei no meu quarto e o vi novamente adormecido agora na poltrona e completamente sem camisa. Ele parecia se expor de propósito, pois sabia que isso tinha algum efeito sobre mim.
Tirei meus sapatos para não fazer barulho. Entrei andando silenciosamente no banheiro. Tomei um demorado banho quente e coloquei um vestido mais confortável. Saí do banheiro sem fazer nenhum ruído e caminhei até minha cama, deitando, puxei as cobertas para me cobrir.
Estava muito cansada. Adormeci rapidamente. Novamente os sonhos sangrentos tomaram conta do meu sono. Senti duas mãos me levantando, colocando-me sentada, no exato momento em que um lobo saltou em minha direção no pesadelo.
- Respire! - ouvi a voz suave de Phillip me falar. - Outro pesadelo, minha princesa?
Dessa vez demorei a abrir os olhos e não conseguia retomar o fôlego, eu tremia.
- Sim. Sempre sangrentos, sempre assustadores. - falei ao perceber que eu transpirava bastante.
- Podemos retomar nossa conversa, quando você retornou? Não a vi entrar, tão pouco a vi trocar-se. - ele falou reparando no vestido diferente, olhava atentamente para o decote. Ele ainda estava sem camisa.
- Vossa alteza dormia, não quis acordá-lo. - respondi tentando fugir das questões que eu já sabia que ele voltaria a fazer, assim como tentando me desvencilhar de suas mãos que me seguravam sentada.
- Sabe se já anoiteceu? Perdi a noção do tempo. - falou ele que continuava a me segurar circulando seus braços com suas mão em minhas costas.
Fiz um movimento para me levantar e caminhar até a janela e ele me soltou. Abrindo uma pequena fresta pela cortina pude ver que o sol já estava se pondo, embora ainda estivesse claro o dia.
- Falta pouco, Alteza! O sol está se pondo. - falei um pouco triste. Ele percebeu minha tristeza e caminhou ate mim, próximo à poltrona, onde ele antes estava descansando.
- Está triste? Minha princesa, responda-se ao menos uma de minhas perguntas. - ele falou dando mais um passo em minha direção, envolvendo-me em um abraço enquanto apoiava o queixo em meu ombro e perguntava em meu ouvido - Só uma pergunta?
- Sim. - respondi quando ele me apertou um pouco mais o abraço e colocava suas duas mãos em minha barriga. - responderei uma pergunta. - falei firme, sem tentar olhar para ele atrás de mim.
- Está triste pelo mesmo motivo que me acordou com um beijo ou pelo mesmo motivo pelo qual chorou quando fui atingido pelo sol? - ele perguntou me precionando mais para perto de seu corpo. Coloquei minhas mãos sobre as dele.
- Sim, sim - respondi quase sem som, meu coração disparado pela proximidade dele, eu podia sentir cada músculo de seu peito e abdomen definidos encostando nas minhas costas.
- Minha princesa está se apaixonando pelo monstro? - ele falou com um sorriso malicioso em seus lábios, me virando rápido, para que eu ficasse de frente com ele.
- Não. - respondi novamente tentando buscar o ar
- Não entendi. - ele falou confuso, passando suas mãos pela minha cintura e me aproximado mais de seu corpo. - Seu coração está gritando outra coisa, minha princesa. - ele falou ressaltando o quanto meu coração parecia ruidoso naquele momento.
Engoli em seco e falei:
- Não estou me apaixonando por você, pois isso já ocorreu há muito tempo...- falei olhando para baixo, não queria me declarar a ele e estava envergonhada, mas estava próxima demais de seu peito nu.
- Não estou entendendo. - ele falou levantando meu queixo com uma de suas mãos para que eu estivesse olhando bem nos seus olhos
- Eu há muito já me apaixonei pelo príncipe! Talvez o medo seja maior por isso. Por saber que sou completamete vulnerável a você! - falei quando senti que os braços dele me soltaram quase involuntariamente, me soltando de seu aperto. Caminhando em direção à janela percebi que já havia anoitecido e abri a cortina.
- Sua alteza já tem suas respostas e já não precisa mais ficar preso aqui. - falei apontando para a janela.
- Perdi a hora! - ele falou, mas ainda parecia perdido em seus pensamentos - Preciso ir. Nos veremos em breve, minha princesa. Na cerimônia!
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