Depois de mais de uma hora, finalmente o desfecho da ópera e as luzes do teatro se acenderam. Olhei para o camarote a frente, mas ele estava vazio. "Droga"- pensei comigo. Anna e eu nos dirigimos para a saída e já descíamos a escadaria quando senti uma mão fria pegar meu cotovelo:
- Podemos ir a algum lugar para conversarmos? - uma voz forte e masculina me perguntou enquanto eu me virava para ver quem havia me tocado. Claus!
Antes que eu pudesse responder Anna se antecipou:
- Sim, podemos.
Um calafrio de medo percorreu meu corpo. Estava feito. Encontrei Claus. Precisava da cura de Phillip, rápido. Ele então apontou para uma bela carruagem com belos corcéis negros parada a nossa frente:
- Podem me acompanhar em minha charrete? - ele deu a mão a Anna e depois a mim para subirmos na charrete.
A viagem foi relativamente curta e logo paramos em frente a uma enorme mansão, provavelmente sua residência. Acompanhando-nos para dentro, pude perceber a mesma decoração fúnebre do castelo de Philip. Velas e uma lareira iluminavam uma enorme sala com sofás de couro preto. As cortinas de veludo vinho cobriam completamente as janelas impedindo qualquer iluminação externa. Sentei num dos sofás, enquanto Claus foi até um aparador para servir alguma bebida. Sentando-se ao meu lado com uma taça na mão ele começou:
- Qual o seu nome, bela jovem? Você não é de Paris, não? - ele falou com um tom sedutor em sua voz
- Você deve ser Claus, certo? Meu nome prefiro não falar... - respondi tentando me afastar dele.
- O que você veio fazer aqui? O que sabe de mim? - ele perguntou segurando meu braço irritado.
- Sei que provavelmente estou arriscando minha vida, mas vim a Paris atrás de você, Sr. Claus Deidrich. - tentei me desvencilhar de sua mão, mas vampiros são extremamente fortes.
- O que sabe sobre mim? Arriscar sua vida? Estou curioso. - falou ele me soltando e colocando a taça sobre a mesa após esvazia-la em um único gole.
- Sei muito sobre você. - respondi nitidamente tensa tentando demonstrar confiança
Ele voltou a segurar-me, agora nos pulsos, com uma força sobre-humana.
- O que você sabe sobre mim? - ele exigia a resposta e seu tom agora era ríspido
- Sei que você é um vampiro. - falei tentando esconder meu medo.
- Mas veio atrás de mim mesmo sabendo que posso te esmagar como um inseto, ou beber até a última gota de seu sangue em segundos? - ele falou com um sorriso macabro nos lábios.
- Porque só você pode responder a uma pergunta que pode salvar a vida de um velho amigo seu. O que acha? - falei ainda tentando me soltar.
- Então você deve conhecer Phillip. Quer que eu responda a pergunta das cartas dele? Ele andou se alimentando de forma errada.... De onde você o conhece? Por que uma bela jovem como você se arriscaria por um vampiro? - ele falou com outro sorriso, agora malicioso, nos lábios
- Sim, preciso dessa resposta. Mas as suas perguntas infelizmente não poderei responder. Tenho medo de você, mas se me matar Phillip te caçará como um animal e te matará... - falei tentando demonstrar segurança.
- Então você deve ser a jovem princesa que povoava os sonhos de Phillip. Você é valiosa para ele, não é? E é muito bela e inocente, apesar de corajosa - ele falou se levantando e me olhando de cima a baixo.
- O que você vai fazer, Claus? Irá me matar ou me dará a resposta que pode curar Phillip? - falei me levantando e caminhando em direção à porta.
Ele rapidamente surgiu na minha frente me impedindo de sair.
- Tenho que pensar. Você é tão bela - ele falou pegando uma mecha do meu cabelo e enrolando em seu dedo, podia sentir seu hálito frio perto de meu rosto. - tão corajosa! Ah, sem dúvidas você é a princesa que ele chamava enquanto dormia... acho que vou te dar a resposta que você procura, mas vou querer algo em troca. Vampiros nunca dão nada de graça aos humanos... - ele falou olhando para cima como se pensasse em algo
Droga, eu não esperava ter que negociar com um vampiro, mas eu precisava salvar a vida de Phillip. Por alguma razão eu não aguentava vê-lo tão doente.
- O que você quer? - perguntei com medo
- Hum - ele se afastou virando de costas para mim, colocou a mão no queixo, virou-se novamente para mim e então falou - Apenas um beijo em troca da cura de seu príncipe. Nunca beijei uma princesa tão bela, jovem e tão corajosa, queria saber o gosto desses lábios.
Respirei fundo, engoli em seco, cheguei a pensar em correr, mas respondi:
- Se você me der a cura, terá seu pagamento. - falei rápido e completamente apavorada.
- Ele precisa do meu sangue. - ele falou rapidamente - Agora meu pagamento. - ele falou rapidamente me envolvendo em seus braços.
Antes que eu percebesse ele já estava tocando seus lábios frios nos meus, em segundos que pareceram horas. Ele então ele se afastou, mas manteve suas mãos ao redor da minha cintura:
- Vamos, tenho que arrumar minhas malas, preciso salvar meu filho.
- Como? Não entendi. - falei tentando recuperar fôlego.
- Partimos hoje, minha bela. Antes que Phillip fique mais debilitado. - ele falou com um sorriso ainda mais malicioso.
Continuei tentando recuperar o ar.
- Embarcamos hoje? Como isso será possível? - pensei, pois era difícil conseguir embarcar em um navio que partisse à noite, ainda mais em cima da hora.
- Eu resolvo isso, minha doce princesa. A carruagem levará você e sua acompanhante para buscar suas bagagens, nos encontraremos no porto.
- Hoje! Precisamos ser rápidos. - Ele falou praticamente me empurrando para dentro da carruagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentem cada capítulo.