Saí do quarto com uma idéia fixa. Eu precisava tentar salva-lo. O casamento seria adiado, pois ele estava muito fraco. Dormi confortavelmente no meu quarto em seu castelo, mas acordei bem cedo, antes do Rei. Eu precisava de uma boa desculpa para ir a Paris. Tinha que encontrar Claus e as respostas das quais Phillip precisava para melhorar.
Aproveitei para remexer documentos no escritório de Phillip, precisava de algum endereço, alguma idéia de onde encontrar Claus. Achei cartas. Perfeito. Pude ouvir Phillip passando ordens ao seu servo e tive medo de que ele tentasse me impedir. Será que ele sabia dos meus planos? Acho que ele podia pensar depois de nossa conversa na noite anterior.
Com o auxílio de Anna, parti cedo, carregando o mínimo possível de bagagem. Deixei um bilhete para meu pai informando que precisaria resolver algo em relação ao enxoval e aproveitaria o fato do noivo estar doente para isso. Meu pai acreditaria, ele jamais pensaria que eu tinha planos mais perigosos.
Minha aia e eu fingimos ser apenas duas nobre a caminho de Paris para compras. Embarcamos em um navio no porto sem que ninguém desconfiasse que eu era da realeza, uma princesa. A viagem foi longa e muito cansativa, passei grande parte dela enjoada e dormindo.
Estava vivendo uma aventura perigosa, mas Anna achava que seria castigada pela minha loucura. Contudo, assegurei a ela que eu precisava ajudar meu noivo. Chegamos ao porto de Nantes numa manhã ensolarada. Depois de uma viagem de charrete passando por Rennes e outros pequenos vilarejos, finalmente chegamos ao nosso destino, Paris.
Anna e eu procuramos uma hospedaria para ficarmos por poucos dias. Eu precisava encontrar Claus, então resolvi colocar nossas bagagens em nosso quarto, descansar brevemente, trocar de roupa e seguir para a minha busca.
O sol se punha na hora em que eu e Anna saímos a procura de Claus Deidrich. Acabamos conhecendo quase toda Paris, além de conseguirmos coletar muitas informações sobre Claus. Estava muito tarde quando resolvemos voltar para nossa hospedagem.
Jantamos num restaurante próximo enquanto Anna e eu conversamos sobre nossas descobertas:
- Sua Alteza precisa me explicar qual a finalidade de perseguirmos a história deste Claus Deidrich? Estou preocupada, ele parece uma pessoa perigosa. - ela falava trêmula
- Anna, essa é uma longa história, mas tudo o que você precisa saber é que Claus detém o conhecimento sobre como curar o príncipe Phillip. Quando estiver pronta contarei a você os detalhes, mas você precisa confiar em mim por agora. - respondi contendo minhas emoções
- Certo. Comecemos com o que nos disse aquela senhora no porto. Aparentemente o Sr. Claus é assíduo frequentador da Ópera, mas está sempre distante dos demais espectadores em um camarote que pertence a ele.
- Depois temos o que aquele funcionário do teatro informou - falei enquanto fazia pequenas anotações em um caderninho que trouxe comigo - Sr. Claus está sempre acompanhado de um rapaz, que embora aparente ter a mesma idade dele, ele chama de filho.
- Há também o que foi dito pelo funcionário da bilheteria do teatro, ambos sempre ficam no mesmo camarote, e saem da ópera acompanhados de alguma moça rica da alta sociedade, mas aparentemente são encontros furtivos e os relacionamentos não passam de uma semana.
- Precisamos reservar o camarote em frente ao dele e nos fazer perceber. Preciso da cura de Phillip e somente ele poderá me dar essa informação... - pensei tendo calafrios, pois eu sabia que iria confrontar a besta que transformou Phillip num vampiro - e precisamos ser rápidas, pois temos o máximo duas noites aqui.
Na manhã seguinte, pouco depois das dez, saímos em direção à bilheteria do teatro, reservamos o camarote. Depois seguimos para uma loja badalada, onde comprei um belo vestido vermelho de cetim. Foi o dia mais cansativo, pois passamos boa parte dele nos arrumando para a ópera. Entramos no teatro e sentamos em nosso camarote, mas o camarote a frente estava vazio.
Uma tensão e medo percorreram minha espinha. E se ele não aparecesse? E se Phillip não sobrevivesse? Eu tentei manter minha respiração regular. O palco se iluminou e as luzes da plateia se apagaram. Após quinze minutos agonizates, finalmente observei uma figura assustadoramente bela no camarote a frente. Anna suspirou diante de tamanha beleza. Cabelos castanhos, olhos verdes e uma pele branca perolada. Parecia que cada traço dele era desenhado, esculpido.
Comecei a tentar chamar a atenção dele trocando olhares e de repente percebi que havia conseguido, pois ele me retribuiu com um sorriso malicioso em seu rosto. Embora fosse uma princesa eu nunca havia assistido a uma ópera e realmente gostei do que assisti.
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