dezembro 30, 2010

Meu primeiro Livro. Capítulo 1 - A Fuga


Capítulo 1 - A Fuga


O entardecer era bem mais bonito além dos portões do castelo. Corri para o meio da floresta buscando um lugar onde pudesse pensar sobre o meu futuro que já havia sido decidido por mim. Acabara de receber de meu pai a notícia de que eu iria me casar. Como ele pode fazer isso? Como pode se apressar tanto? Fiquei nervosa não só pelo fato de não conhecer meu pretendente, algum abastado príncipe de um reino distante, mas também porque teria a responsabilidade da aliança entre duas nações em minhas mãos. E se eu não gostasse de meu marido? E se todos os planos de meu pai não funcionassem exatamente como ele havia previsto? E se os reinos acabassem sem uma aliança diplomática selada por meu casamento? Os casamentos de princesas normalmente são feitos com estes objetivos, união de reinos, para a criação de um reino bem mais poderoso.

Quando era pequena, descobri que era diferente das outras crianças, pois era filha do rei. Agora via minha infância passar na minha frente, enquanto eu corria, com os pés descalços, pela floresta. Essa estranha sensação de liberdade, para quem passara a vida inteira cercada de enormes jardins, com guardas e muralhas para todos os lados.

Ao cair da noite, percebi que estava longe demais para conseguir retornar ao castelo. O que faria? Onde passaria a noite? Busquei um pequeno feixe de luz em meio a vegetação e pude avistar uma cabana abandonada. A luz vinha de uma vela que estava quase no final quando entrei pela porta. Um calafrio percorreu minhas costas. Senti um medo diferente, pela primeira vez sozinha e sem a proteção dos guardas da realeza estava à mercê de minha própria sorte.

Estava tudo muito empoeirado. Era uma cabana velha, com mobília igualmente velha e uma cama coberta por uma manta de retalhos. Afastei a colcha e comecei a pensar em tudo que me fora ensinado durante a minha vida e no que esperava desta fase que iria ter que superar. Chorei um pouco. Respirei fundo. Não queria toda aquela responsabilidade em minhas mãos.

Depois de algum tempo pensando logo veio o sono e percebi que não havia tomado o lanche que Ana, minha aia e única cúmplice da minha fuga, havia preparado para mim, antes da minha partida. Precisava comer e descansar. Não podia parecer cansada amanhã. Ninguém poderia perceber nada.

2 comentários:

  1. Parabéns Luciana!

    Obrigado por postar seus manuscritos, para nós, simples mortais.

    Beijos

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  2. Finalmente eu não vou ter que vasculhar seus armários para ver seus escritos!!!

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