maio 01, 2024

Capítulo 30 - Paixão

Acordei no horário do almoço, quase sem dores. Pensei do que seria aquele chá, que Phillip fez minha aia me servir no café. Resolvi pedir a ajuda de Ane para me trocar, eu gostaria de descer para almoçar fora do quarto na companhia do Rei e do Príncipe. Tomei um banho, coloquei um vestido e desci as escadas na companhia de minha aia.
Sentei à mesa para almoçar. Ambos olharam curiosos para mim, pois há dois dias eu não tinha condições de descer as escadas. Precisava pedir ao Rei que adiasse o casamento. Minha mente estava confusa, aterrorizada e eu precisava me recuperar fisica e emocionalmente. Conversamos durante o almoço e o Rei concordou. Adiaríamos até que eu estivesse bem. Phillip por sua vez parecia impaciente, mas entendia que eu não estava bem.
Resolvi caminhar pelo jardim com Ane logo após o almoço. Percebi que o príncipe tentava chegar até nós. O dia ainda estava claro, ensolarado. Fiquei sem ar pensando que o sol poderia matá-lo. Ane me segurou para que eu não caísse. Phillip me pegou pelo outro braço e pediu licença para que Ane nos deixasse a sós. 
- O que houve? Por que você está tendo um ataque de pânico? - ele falou num sussurro enquanto observava minha aia se afastar.
- V...você está andando sob o sol... c...como? - falei sem conseguir respirar
- Eu tentei explicar no outro dia. Há alguns anos chamei um bruxo para fazer um encantamento que me permitisse andar sob o sol. Eu queria poder ver o nascer do sol e o pôr do sol com você. - ele falou me segurando pela cintura enquanto eu recuperava a respiração - é magia, mas só vai até as fronteiras de meu reino. Você está bem?
- Não, ainda sinto dores... ainda estou com medo. - falei de forma seca
- Quer entrar? - ele perguntou ainda me segurando para que eu não caísse
- Ainda não. - respondi tentando me afastar.
- Bom, ainda tem algo que eu gostaria de perguntar a Sua Alteza. - ele falou com um leve sorriso no canto dos lábios
- O quê? - questionei sem expressar nada
- A princesa não acha que foi um pouco longe por minha vida? Para uma noiva que até agora não aparentava ter sentimentos por mim... não me dava nenhum sinal de afeto e foi até Paris. Tratando com uma criatura perigosa como Claus. Por que você fez isso? Você nem queria esse casamento... - ele falou olhando para os meus olhos
- E iria mais longe! - respondi me afastando dele
Ele ficou parado com um leve sorriso de satisfação nos lábios olhando para o horizonte. Sentia algo por ele, mas eu ainda não tinha certeza de se era amor. Voltei para o castelo. Ane me acompanhou pelas escadas. Cheguei ao meu quarto, deitei e pedi a minha aia que não permitisse que ninguém me acordasse. Ela então ficou sentada em uma cadeira do lado de fora, como eu pedi.
Cerca de meia hora se passou e pude ouvir minha aia falando com Phillip que eu ordenará que ninguém me atrapalhasse o sono. Dormi até o jantar. Desci para o jantar como havia feito no almoço, acompanhada de Ane. Ao terminar, esperei o rei e o príncipe se afastarem para conversar e subi discretamente com Ane, sem que nenhum deles percebesse. Dessa vez tranquei a porta do quarto e coloquei uma cadeira travando a maçaneta.
Troquei de roupa. Deitei na cama. Quando estava quase adormecendo ouvi um barulho vindo da janela. Abri as cortinas e pude ver Phillip sentado do lado de fora no parapeito da janela. Abri a janela e o mandei entrar.
- O que você estava fazendo lá fora? Como subiu até aqui? - perguntei enquanto caminhava de volta para a cama.
- Por que você está me evitando desde o almoço? - ele perguntou sem olhar para mim
- Perguntei primeiro - falei colocando minha mão sob seu queixo para levantar seu olhar para mim
- Acho que preciso ficar te lembrando que sou um vampiro e posso escalar as paredes do castelo sem sequer me cansar ou cair. - ele falou rapidamente - sua vez!
- Não estou te evitando, nem fugindo de você. Dr. Oliver falou que preciso de repouso e como falei no almoço preciso de um tempo para me recuperar... só de descer as escadas sinto cansaço.
- Sua alteza pode me explicar melhor o que estava me falando mais cedo no jardim? Você disse que iria mais longe para salvar minha vida? - ele perguntou passando sua mão de leve em minha bochecha
- Creio que não há resposta certa para isso. - respondi levantando da cama e caminhando para a janela
Ele levantou rapidamente me seguindo. Chegando próximo à janela ao mesmo tempo que eu. Sem falar nada o abracei e descansei minha cabeça em seu peito largo.
- Não entendo. O que sente por mim? - ele perguntou inalando o cheiro dos meus cabelos.
- Estou confusa... nem eu entendo... mas creio que vou gostar de ser sua rainha.
Senti seu abraço apertar um pouco mais. Ficamos um bom tempo abraçados em silêncio. Pude sentir ele cheirando meus cabelos, enquanto eu tentava aninhar mais meu rosto em seu peito. Era tão agradável estar em seus braços.



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