julho 10, 2011

Capítulo 8 – Os dias após

O pouco tempo de sono foi o suficiente para trazer a mente as imagens mais aterrorizantes a respeito de quem era Philip, meu futuro marido. Com o complemento da imagem ainda nítida em minha mente da horripilante cena do cavalo de sua carruagem. Apenas algumas horas após conseguir finalmente dormir fui acordada por minha Aia, Ana.

Senti uma certa fraqueza, meus movimentos naquela manhã eram lentos e desci vagarosamente a escada, com Ana a reclamar da lentidão, informando-me que meu pai aguardava para o café-da-manhã e perguntando se eu havia excedido na quantidade de vinho na noite anterior. “Alteza, a Senhorita sabe que não pode beber!”

Estava pálida e muito cansada, o que acontecera comigo? Por que estava me sentindo assim? Ao sentar-me à mesa ouvi de meu pai: “Minha filha está doente?” O medo percorreu minha pele na forma de um arrepio e respondi: “Não, papai, acho que é só o cansaço pela festa de ontem. Tive medo de que ele percebesse algum dos acontecimentos da noite anterior, afinal uma princesa não pode ser vista se esgueirando pelos corredores do palácio e muito menos invadindo o quarto de um hospede tão nobre, da forma como eu havia feito na noite anterior.

Mas percebi olhando ao redor que Philip não estava sentado à mesa conosco. “Onde está o príncipe, papai?” Perguntei na certeza de que ainda o veria no interior do palácio naquela manhã, mas meus pensamentos ainda estavam confusos com o emaranhado de cenas de horror em meio à cena do tranquilo príncipe adormecido quando entrei no quarto escondida.

Peguei somente uma maçã e um copo d'água, tudo parecia enjoativo naquela manhã, enquanto o rei se punha de pé e caminhando para a janela falou com uma voz mansa: “Partiu antes do amanhecer, tinha algum compromisso importante.” Em seguida, o rei voltou-se a Ana e deu ordem a ela para cuidar de mim, pois ele também iria viajar, tinha compromissos em uma província e iria demorar alguns dias para retornar.

Parecendo bastante preocupado com meu estado naquela manhã, o rei alertou a todos no palácio que deveriam evitar qualquer atividade naqueles dias de distanciamento dele, pois temia que algo acontecesse comigo durante sua estadia. Avisou a Ana que em breve chegariam as costureiras da corte para fazerem todo o enxoval de casamento da princesa.

Ele falava como se eu nem estivesse na sala e de repente senti uma tonteira mais forte, resolvi subir para meus aposentos, pensando no que faria nas semanas seguintes em que Philip e meu pai estavam distantes do palácio. Ainda bem confusa deitei em minha cama e adormeci.

Os dias que se seguiram foram silenciosos no palácio, que parecia vazio. Eu mal saia de meus aposentos. Mal me levantava da cama. Ana chegou a pensar que eu estava doente, mas eu só sentia o cansaço e o medo causado pelo horror das cenas do dia da festa. “As costureiras estão aqui.” Era a única frase que saia da boca de Ana com o poder de me fazer levantar da cama.

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