Acordei relaxada, mas a tensão da conversa da noite anterior me reservou uma dor de cabeça forte no dia seguinte. Anna veio até meu quarto para que eu descesse para o café da manhã, mas não consegui. Pedi a ela que informasse ao rei que eu precisava de algum tempo, que estava com dor. Assim que retornou com a resposta, minha aia veio com uma bandeja farta de pães, bolos e frutas, ordens do rei segundo ela. Tomei o café em minha cama mesmo, mas passei o resto da manhã pensando.
Na hora do almoço, não foi Anna quem veio me buscar, mas o próprio rei. Ainda muito indisposta pedi a ele para permanecer em meu quarto e ele concedeu, afinal eu tinha pouco tempo para me recuperar e se todo aquele repouso e alimentação ajudasse, ele não me impediria de passar os próximos dias no meu quarto.
Dormi um pouco após o almoço em meu quarto. Um pouco antes do jantar desci para a biblioteca. Esse cômodo sempre foi meu favorito, depois do jardim. Li um dos livros enquanto aguardava pela hora do jantar. Fui interrompida em minha leitura por Lucas batendo na porta e pedindo licença para falar comigo.
Assenti com a cabeça e ele começou, após sentar-se em uma poltrona a minha frente:
- Gostaria de pedir que me perdoasse pela minha indelicadeza ontem. - ele falou com o olhar baixo
- Sem problemas, Lucas. - após falar limpei a garganta para prosseguir – mas tudo o que você descobriu sobre Phillip, ele já havia me contado de certa forma. Nós estávamos nos conhecendo ao longo dos meses. Ele mesmo já havia perguntado para mim se eu tinha certeza de que eu queria este casamento. Inicialmente eu não podia decidir, meu pai foi claro. Mas o príncipe não queria que eu fosse forçada a casar com ele. Acredito que ele queria que seu amor fosse correspondido, mas sem poderes, sem hipnose, só a minha vontade. - falei calmamente apoiando o livro sobre uma mesa lateral
- Não acredito que essas criaturas tenham sentimentos. Mas eu o vi protegendo o rei nos Cárpatos. Ele parece ter. Espero que ele te proteja e cuide de você como eu faria. Espero que você tenha certeza de sua escolha, Alteza! - ele se levantou e ficou de pé atrás da minha poltrona, abaixou-se e falou no meu ouvido – mas acredito que você não queira virar uma criatura dessas, ou quer? Vocês poderão ter filhos? Acho que seu pai conta com isso… - ele voltou e sentou-se novamente na poltrona na minha frente.
- Eu não sei. Não sei de nada disso, Lucas! - fiquei com raiva dele, a dor de cabeça voltou bem mais forte. Levantei e caminhei até a porta. - Vou jantar! Não me perturbe mais com seus ciúmes!
Abri a porta, saí e fechei-a com força atrás de mim. Um arrepio de medo e raiva percorreu meu corpo. Segurei as lágrimas que vieram do fundo do meu coração. Eu queria filhos. Será que Phillip poderia me dar filhos? Fiquei apavorada com a idéia. Respirei fundo e desci as escadas em direção ao salão de jantar, que hoje estava muito cheio, afinal faltavam dois dias para as festividades.
Após um jantar festivo, segui para o jardim. Meus pensamentos não me permitiriam dormir tão cedo. Como eu odiava Lucas por enfiar todas essas questões na minha mente. Eu tinha tanta certeza de que queria ficar com Phillip. Maldito! Andei de um lado para o outro, sentei-me no banco de frente para uma enorme fonte no centro do jardim e senti uma mão no meu ombro.
- Está com dúvidas? - pude ouvir a voz de Lucas bem perto, vindo de trás de mim.
- Por que você fez isso? Por que você colocou essas coisas em minha mente? - falei retirando a mão dele com raiva.
- Porque não vou te perder sem lutar. - ele falou com um sorriso malicioso nos lábios.
Levantei e caminhei em direção ao palácio, subi as escadas e me tranquei em meu quarto. Sei que hoje não conseguirei dormir. Droga!
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