março 10, 2024

Capítulo 12: Descoberta

Não adiantou minha insistência. Desacordada, ele me levou até meu quarto dentro do castelo. Abri os olhos em minha cama, mas ainda era noite. Não consegui ver se ele estava lá. Levantei, mas antes que pudesse chegar na porta ouvi sua voz suave atrás de mim. 
 - Deite-se, você não está bem!"

Virei e pude ver sua silhueta ao lado da janela de meu quarto, mas eu sabia que ele me deixaria assim que eu caísse no sono. Mas há muito eu já não conseguia dormir a noite inteira. 

- Alteza, você sabe que não vou conseguir descansar o suficiente e por fim, acho que todo o pavor e medo que tem me mantido acordada só irá desaparecer quando eu entender exatamente os motivos. Por que temos que nos casar? Por que tão rápido? Como será possível uma vida assim? E sobretudo, tenho medo..."

Ele virou-se e caminhou até mim. 
- Você parece uma criança teimosa, mas estou preocupado com a sua saúde. Preciso que você durma e ficarei aqui ao seu lado" - ele falou puxando uma cadeira para o lado de minha cama - até ter certeza de que você está bem e segura.

Parecia tenso com a idéia de que o rei adiaria o casamento caso eu não estivesse bem.

Deitei. Recostei a cabeça no travesseiro e adormeci. Estava exausta.

Tive pesadelos assustadores a noite toda. As cenas dos cavalos se alimentando ou de Phillip me salvando dos lobos...

Acordei no que parecia ser a manhã seguinte coberta por grossos cobertores, Ana sentada ao lado da cama, colocando toalhas molhadas em minha testa. "Graças a Deus, Vossa Alteza acordou!" - um sorriso alegre e levemente aliviado apareceu em seu rosto.

- Ana, por quanto tempo estive dormindo? O que houve? - perguntei tensa. Neste momento o médico do rei entrou em meu quarto. 
- Princesa, você esteve desacordada por três dias. Aparentemente teve uma infecção que parece estar cedendo. Contudo, Sua Majestade deixou claro que se continuar assim, terá que adiar o casamento. - e finalmente as palavras do médico vieram como um soco no estômago.

Pedi a minha Aia para que preparasse um banho quente para mim, recomendação do próprio médico e que me trouxesse algo, pois eu estava com fome.

Após o banho, ainda em meu quarto Ana trouxe frutas, uma fatia de bolo e torradas, mas não consegui comer tudo, somente uma maçã. Pedi para ficar sozinha, eu precisava melhorar, mas minha mente não conseguia entender o que aconteceu.

Olhei pela janela e pude notar um dos cavalos do príncipe numa das baias do castelo. "Como? Ele está aqui?" Falei alto, mas só para mim. Pude ouvir uma voz vinda de trás de mim familiar, o rei:
 - Sim, filha, seu noivo está aqui! Ele chegou ontem, após eu enviar o mensageiro com um bilhete comunicando de sua doença e da possibilidade de adiamento do casamento.

Ele fechou a porta e continuou: 

- Como você está? E há quanto tempo você foge à noite do castelo?

Um calafrio percorreu minha espinha, como meu pai teria descoberto? 

- Papai, eu... - ele não me deixou terminar: 
- Aumentei a segurança ao redor do castelo e se você quiser passear, irá sempre com um guarda e NUNCA MAIS me desobedeça! - seu tom mais áspero me aterrorizou.

- Você correndo risco durante a noite, na floresta! - eu não podia responder. Estava sem ar. Sentando-se ao meu lado e pegando a minha mão, com a voz mais calma: 
- Você é uma princesa. Tem deveres e obrigações. Você adoeceu por conta das noites frias fora dos portões. Preciso que me prometa que não repetirá. - Olhei para ele e assenti com a cabeça.

Ele saiu do quarto falando: - Coma! Esvazie os pratos! Você precisa estar forte em menos de uma semana!

- Por que? - minha pergunta ficou sem resposta, meu pai havia fechado a porta atrás de si

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