março 10, 2024

Capítulo 13 - Verdades

Tentei me alimentar seguindo as ordens do rei. Não poderia sair mais do castelo, mas havia muita coisa que eu ainda precisava saber sobre meu pretendente. Fui até a janela para ver que seu cavalo ainda estava na baia. "Ele está aqui!" - meu coração acelerou, chamei Ana. Queria trocar-me antes de sair na porta de meu quarto. Não podia encontrar com ninguém de camisola!

Minha aia me auxiliou com o vestido e ajeitou meu cabelo. Constatei que eu havia perdido peso. Mas já não sentia a febre, nem o cansaço forte de antes. Assim que terminei de me vestir perguntei a ela:

- Onde está o rei?" Ana sabia que não era quem eu realmente queria encontrar, então respondeu:

- Ele estava no escritório conversando com o príncipe, mas mandou que preparassem sua carruagem, para ir até um de seus conselheiros, mas o príncipe está na biblioteca lendo desde então.

Ela de fato sabia que eu queria saber do príncipe. Saí pelas portas de meu quarto e apressei minha passada, antes de entrar na biblioteca falei a Ana que não gostaria que minha conversa com meu noivo fosse interrompida, que ela alertasse para ninguém entrasse ali. Terminei de falar abrindo as portas e entrando na enorme sala cercada de enormes prateleiras com livros do chão ao teto e pude ver Philip sentado de costas para a porta.

- Sua alteza está se sentindo melhor? - sua voz suave pareceu reconhecer-me pelos passos. Respirei fundo para responder: 
- Sim, na verdade preciso saber por quanto tempo você está aqui? - falei enquanto caminhava até uma das prateleiras próximas de onde ele estava sentado.

- Desde a noite em que te trouxe da floresta. Falei que ficaria até ter certeza de que você estava bem e segura. Cumpri com minha palavra. - ele falou levantando e caminhando até mim "Mas posso ver que não está totalmente recuperada." Ele percebeu que eu ainda não estava bem.

- Estou bem- falei tentando esconder uma leve tonteira. "Sem as respostas às perguntas que já fiz e repeti para você, será difícil me recuperar. Não acho que tenha sido uma infecção, mas não posso falar com o rei que durmo mal e não como direito porque não consigo tirar as imagens assustadoras dos últimos dias de minha mente." - me afastei um pouco.

- Então por isso você falava, chorava e até chegou a gritas durante o sono? - ele falou parando. "Você não precisa fugir de mim, vou responder todas as suas perguntas." - ele falou voltando para a poltrona onde estava sentado e apontando para a poltrona próxima, para que eu pudesse me sentar.

"Desde o noivado sonho com cavalos devorando ratazanas e muito sangue. Depois disso sonho com você, em sua forma mais assustadora devorando os lobos..."- meu coração acelerou e eu não consegui respirar.

Philip saltou de sua poltrona em minha direção e se ajoelhou aos meus pés segurando as minhas mãos, sua voz um pouco mais exaltada: "Acalme-se! Respire fundo. Eu vou te explicar tudo!" Como ele podia saber que eu estava prestes a ter um ataque de pânico. Aos poucos seu toque gelado me aclamou.

- Começando pelos cavalos de minha carruagem, eu os transformei para terem mais resistência em longas viagens. Já te falei que meu reino fica bem distante. São mais de 10 dias de viagem, transformados eles fazem em 5 dias. - ele falou retornando a sua poltrona.

Parecia uma tortura ouvir essas verdades assustadoras, mas poderia ser mais terrível: "Você também se alimenta de sangue de ratazanas? Ou de lobos?"- meu estômago embrulhou com a imagem formada na minha mente imediatamente, levantei, buscando tomar um pouco de distancia, talvez com medo da resposta...

- Sim, não me alimento de sangue humano, mas me alimento de sangue de outros animais, para evitar a fome, ela pode me tornar um ser perigoso. - ao ouvir a resposta, talvez pelo horror nela saí correndo da biblioteca, e continuei correndo pelas escadarias, só parando após atravessar os jardins e atingir o portão do castelo.

Uma súbita tonteira me atingiu, eu não conseguia respirar, quase caí, mas senti fortes braços me segurarem, antes que eu chegasse ao chão. "Eu não queria que você soubesse de cada detalhe assustador sobre mim, mas você insiste em perguntar. Você ainda está fraca. Quer que eu e leve de volta ao castelo ou quer que eu vá embora?" - ouvi sua voz num tom mais suave

- Não sei, não quero pensar. Não acredito no que você acabou de me dizer. De qualquer forma, não acredito que consiga voltar caminhando sozinha. - respondi tentando respirar.

- Está com medo de mim? Por que correu? Por que você não me bateu ou gritou comigo? - ele falou me ajudando a ficar de pé.

- Não tenho coragem de te bater, mas também não tenho medo de você.

Voltamos para dentro do castelo, eu estava muito cansada. Meus braços e pernas doíam. Não consegui subir as escadas, eu precisava dormir.

- Por que você não tem coragem de me bater? - ele perguntou enquanto me carregava pelos degraus até meu quarto.

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