março 30, 2024

Capítulo 19 - A Visita

Ao terminar de ler a carta, o rei mandou que minha aia ajudasse a arrumar uma bagagem. - Você vai comigo! - o rei ordenou olhando diretamente para mim. Ele queria saber qual a questão que assolava a saúde de Phillip e aproveitaria para me apresentar minha futura residência. Um arrepio de dúvida percorreu meu corpo.

- Mas será prudente eu ir? - questionei meu pai

- Isto é uma ordem de seu pai em cumprimento a um pedido de seu noivo. Apenas obedeça. Vá se arrumar, pois a carruagem já deve estar a caminho.

O rei chamou seu primeiro ministro avisando-lhe de sua pequena, mas urgente viagem e este informou que cuidaria dos assuntos do reino de forma a parecer que o rei não viajou.

No dia seguinte acordei cedo, meu pai não dormiu a noite inteira. Partimos logo após o café e a carruagem estava a nossa espera. A viajem foi cansativa, por isso paramos para comer e dormir. Chegamos a um pequeno vilarejo, numa noite. Havia quartos reservados para nós, pelo príncipe. O rei finalmente dormiu um pouco. Eu passei a noite acordada com meus pensametos.

Continuamos a viagem ao amanhecer. Durante a viajem dormium pouco dentro da carruagem. Estava exausta. Após três noites sem dormir, fui acordada por meu pai quando nos aproximamos do castelo. 

- Olhe que bela floresta! Parece viva! - ele falou afastando a cortina e olhando para fora da pequena janela da carruagem.

Era noite quando ouvi os portões do castelo abrirem. As imponentes torres, que para meu pai eram desnecessárias quando se temum bom exército e uma excelente guarda real. Meu estômago doeu quando desci da carruagem. 

O servo de Philip nos recebeu e gentilmente perguntou sobre como foi a nossa viagem enquanto nos guiava para dentro e diretamente para nossos aposentos, onde poderiamos descansar antes do jantar. O quarto onde fiquei tinha uma decoração delicada, quase angelical. 

Era agradável, diferente do resto do castelo que possuia uma aurea mais sombria e uma decoração mais masculina. Os lençóis eram de seda clara, parecia que este quarto nunca havia abrigado ninguém. Belo, delicado, perfeito para mim. Descobri que era também o quarto mais próximo ao quarto do príncipe. Assim que eu pudesse, tenatria descobrir o que estava acontecendo com meu noivo.

Após um banho relaxante numa bela banheira branca com pés dourados, pude deitar na cama macia e decorada com um belo docel com tecidos finos e esvoaçantes protegendo meu sono. Deitei e rapidamente dormi. Aquele quarto me trazia uma sensação de segurança e tranquilidade. Após um bom tempo fui acordada pelas batidas na porta do servo do príncipe nos chamando para o jantar.

Levantei revigorada, meu pai já me aguardava no grande salão de jantar. A decoração aqui acompanhava a mesma do resto do castelo, levemente assustadora, couro, madeira escura, paredes de pedra, era um salão frio, apesar da lareira e das enormes tochas que o iluminavam.

Depois do jantar retornamos aos nossos aposentos. O quarto era perfeito, mas a preocupação com Phillip não me permitiu adormecer. Eu precisava saber dele. Que doença o teria acometido? Resolvi levantar, porque havia passado muito tempo pensando nele. Caminhei lentamente, saí pela porta sem fazer um ruído e encostei meu ouvido na porta do quarto dele. Só pude ouvir um barulho forte de respiração ofegante.

Segurei a maçaneta delicadamente e a virei devagar. Abri a porta com a mesma cautela, lentamente para não acordá-lo. Entrei num quarto escuro com pouca iluminação vinda de uma lareira. Mas consegui vê-lo deitado em sua enorme cama em meio ao docel pesado de tecido aveludado escuro, as cortinas pesadas fechadas. Havia uma bacia de água fervente ao lado da cama que deixava o clime úmido, uma umidade com um leve aroma de lavanda e limão.

Resolvi continuar caminhando lentamente até a beira da cama, só de sentir seu cheiro consegui sentir meu coração quase pular para fora do peito. Ele parecia dormir profundamente. Respirava mal. Não resisti e toquei seu rosto, ele abriu os olhos nervoso, sua mão segurou meu pulso e com sua voz rouca ele falou:

- O que você faz aqui? Não quero que me veja assim!
- Perdoe-me, Alteza, mas eu precisava vê-lo. Não consigo dormir sabendo que você está doente. - respondi com a voz trêmula do susto.
- Não quero você aqui! Saia agora! - ele ordenou...
- Diga-me,o que há com Vossa Alteza? E vou embora - respondi
- Não quero diser, saia agora! - ele continuou ordenando
- Por que? - o desafiei, soltando minha mão da sua e ficando em pé
- Você não me obedece, pelo menos respeite minha doença e saisa daqui! - ele continuou tentando
- Eu vou sair! Você conhece meus sentimentos. Mas assim que o sol nascer pedirei a meu pai para retornarmos para casa, você não me verá mais. - respondi dando dois passos para trás
- Do que você est;a falando? Você é minha, princesa. Você não poderá fugir disso!
- Não, mas posso te dar o pior casamento que já existiu. Posso te dar o que você está me dando agora... minha indiferença para que você sofra pela eternidade. O que acha?
- Se fizer isso, matarei todos em seu reino, bebendo até a última gota de sangue de cada um, até mesmo seu pai. - ele retrucou com raiva
- Vossa alteza é um ser ruim! Como meu pai pode pensar em me casar com algu;em assim? O príncipe não percebe que só quero ajudá-lo? Parece que deseja de fato o adiamento do casamento! Chega! Vou deixa-lo em paz, não vou mais ouvi-lo.
Virei e segui emdireção à porta. Parei assim que o senti me segurar pela cintura, ele rapidamente se levantou e me alcançou. Um calafrio percorreu meu corpo. Tive medo de que ele me machucasse, por raiva. Mas pude ouvir a voz suae dele em meu ouvido:
- Não quero que você vá, mas não quero que me veja assim.
- Por que não me fala o que você tem? - falei virando para olhar em seus olhos.
- Não quero falar. - ele repondeu desviando os olhos dos meus.
- Então me deixe voltar para casa. Espero você melhorar. Mas não aguento ve-lo tao vulnerável sem poder ajuda-lo. - coloquei as mãos em seu peito para afastá-lo de mim
Ele voltou seus olhos para os meus e falou:
- Não posso deixa-la ir. Finalmente sinto que você tem sentimentos por mim e não consigo deixa-la ir. Quero você perto. Só não quero que me veja assim.
- Não posso te ajudar, não sei o que você tem, você não me diz e está começando a doer ver você assim. Achei que ficaria melhor se te visse, mas não. - falei colocando mais força em minhas mãos para me livrar de seu aperto.
Ele olhou ao redor, como se estivesse pensando bastante. Não me soltou de seus braços. Pegou meu pulso e me pediu para sentar na ponta da cama. Ele se deitou, colocou minha mão sobre seu peito, se cobriu e tentou respirar profundamente, olhando diretamente nos meus olhos falou:
- Eu cometi um erro. Tomei sangue ruim. Os vampiros chamam de sangue estragado.
- Como assim? - perguntei nervosa
- Nós precisamos tomar o sangue até o coração da criatura parar de bater e nem uma gota a mais. Sempre ouvi sobre, mas nunca soube das consequencias. Não sei até quando ficarei assim. Tenho febres, muita fraqueza, não sei se sobreviverei. Estou em busca de Claus Deidrich, o vampiro que me transformou nessa criatura. Sei que ele mora em Paris, mas meus servos não o localizaram. Ele deve saber como posso melhorar, mas preciso que o encontrem. Acho que ele não quer que eu o encontre. Ele queria que eu fosse seu filho, deve querer me ver morto, porque fugi dele.
Levantei, mas Phillip segurou meu pulso:
- Fique comigo essa noite. - ele suplicou com os olhos tristes
- Preciso ir - respondi confusa, mas sabendo exatamente para onde eu precisava ir.
- Eu imploro, posso não ter mais uma noite para passar com minha princesa. - ele implorou
- Você está fraco, descanse. Eu voltarei. - ele me soltou e resmungou triste
-  Então vá...
- Sei exatamente o que preciso fazer! - falei quase que pensando alto
- O que você vai fazer? - seu olhar era de preocupação.
Saí do quarto sabendo exatamente o que precisava fazer e onde eu iria.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem cada capítulo.