março 29, 2024

Capítulo 15 - O sol e o susto

- Ainda tenho medo de você... mas estou muito cansada... acho que terei mais pesadelos... principalmente por saber que você me observava esse tempo todo... - falei com a voz rouca, tentando respirar.

- Dei suas respostas. Quero a minha. Por que você não teria coragem de me bater? - ele falou, enquanto ouvimos o barulho da maçaneta girar. 

Pedi a ele que permanecesse sentado onde estava, quando minha aia adentrou o quarto. Havia amahecido. Não percebemos. Ane me trouxe o café da manhã, mas eu sabia que não conseguiria comer. Não tinha dormido. Estava exausta.

Ela viu Phillip sentado na poltrona próxima a janela e ele falou a ela que estava cuidando de mim. Ela discretamente saiu, depois de deixar a bandeja em uma mesinha e fechar a porta atrás de si.

- Posso esperar por sua resposta. - ele disse persistente, apontando para a bandeja. - Vossa Alteza tem que se alimentar.

- Você não poderá sair daqui agora, amanheceu. - falei apontando para as pesadas cortinas fechadas na frente de minha janela. Adormeci após falar.

Hoje seria o dia em que as costureiras viriam para a prova do vestido. Phillip me acordou acariciando meu rosto. 

- Ao menos dessa vez não houve gritos. Seu sono pareceu melhor. Ainda houve um murmúrio... - ele falou calmamente olhando em meus olhos, mas o interrompi.

- Mas tive pesadelos! Quanto tempo eu dormi? - falei me descobrindo e levantando a caminho do banheiro.

- Dormiu pouco mais de quatro horas, princesa. Por que a pressa? Você ainda tem que descansar. - ele falou sentado ao lado da cama me acompanhando com os olhos.

- Hoje é a primeira prova do vestido de noiva. - falei do banheiro arrumando meu cabelo e lavando meu rosto.

- Isso é muito importante para mim. - ele falou se levantando e caminhando em direção à porta - Vou deixá-la a sós.

Corri antes que ele virasse a maçaneta para sair e segurei sua mão, colocando-me entre a porta e ele.

- Príncipe, não saia desse quarto! Todas as janelas do castelo são abertas às 8h e não quero pensar no que aconteceria se um raio de sol lhe atingisse. - falei retomando o folego

Ele acariciou minha bochecha e delicadamente colocou uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha, falando com a voz mais suave que já havia ouvido dele:

- A princesa está preocupada com a vida de seu noivo? - pude notar um leve sorriso no canto de seus belos lábios.

- Talvez - falei, tentando fugir do quarto, mas falhando miseravelmente.

- Princesa, deixe-me ver, ele virou a maçaneta e me empurrou, ele era muito forte.

- Não - gritei no exato momento em que uma leve fresta da porta revelou a claridade do lado de fora de meu quarto.

Phillip fechou a porta e caiu para trás como se tivesse levado um golpe, totalmente desacordado. Assustada, ajoelhei e segurei sua cabeça em minhas mãos. Tentei puxa-lo para longe da porta. Eu não sabia o que fazer.

- Acorda! - ordenei a ele enquanto uma lágrima escorria de meus olhos -... você não é tão frágil assim, não morra!

Observei-o durante algum tempo. Mais lágrimas embaçaram minha visão. Dei um beijo em seus lábios gelados. Ele abriu os olhos e disse enxugando minhas lágrimas:

- O que aconteceu?

- Você desmaiou. Há luz do sol lá fora, Há uma enorme janela no final docorredor que o ilumina todo. Você tem que ficar aqui. Eu preciso sair do quarto, mas você só poderá sair quando anoitecer.

- Por que a princesa me beijou? - ele perguntou olhando diretamente nos meus olhos, enquanto sentava.







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