março 29, 2024

Capítulo 17 - Primeira despedida

Embora estivesse com vontade de estar na presença do príncipe, sabendo que ele era um prisioneiro no meu quarto, aproveitei para dar uma volta nos jardins após o almoço. Precisava do ar e de um tempo com meus pensamentos. Nunca conseguiria responder às perguntas dele. Todas as vezes que o beijei ele dormia. E o fiz intencionalmente.
Uma luz rapidamente clareou meus pensamentos, eu estava completamente apaixonada por ele. Não fazia idéia do que dizer a ele. Não teria coragem de me declarar. Mas os pesadelos e todo o restante sobre quem ou o que ele era me assustavam. Como eu conseguiria superar tudo.
Senti uma brisa gelada e, com receio de adoecer novamente, entrei no castelo. O casamento seria em uma semana e agora eu não queria adiá-lo. Subi as escadas em silêncio. Entrei no meu quarto e o vi novamente adormecido na poltrona. 
Tirei meus sapatos para não fazer barulho. Entrei andando silenciosamente no banheiro. Tomei um demorado banho quente e coloquei um vestido mais confortável. Saí do banheiro sem fazer nenhum ruído e caminhei até minha cama, deitando e puxei as cobertas para me cobrir.
Estava muito cansada. Adormeci. Novamente os sonhos sangrentos tomaram conta do meu sono. Senti duas mãos me levantando, colocando-me sentada, no exato momento em que um lobo saltou em minha direção no pesadelo.
- Respire! - ouvi a voz suave de Phillip me fala. - Outro pesadelo, minha princesa?
Dessa vez demorei a abrir os olhos.
- Sim. Sempre sangrentos, sempre assustadores. - falei ao perceber que eu transpirava bastante.
- Podemos retomar nossa conversa, quando você retornou? Não a vi entrar, tão pouco a vi trocar-se. - ele falou reparando no vestido diferente.
- Vossa alteza dormia, não quis acorda-lo. - respondi tentando fugir das questões que eu já sabia que ele voltaria a fazer.
- Sabe se já anoiteceu? Perdi a noção do tempo. - falou ele que continuava a me segurar circulando seus braços com suas mão em minhas costas.
Fiz um movimento para me levantar e caminhar até a janela e ele me soltou. Abrindo uma pequena fresta pela cortina pude ver que o sol já estava se pondo.
- Falta pouco, Alteza! O sol está se pondo. - falei um pouco triste. Ele percebeu minha tristeza e caminhou ate mim, próximo à poltrona, onde ele antes estava descansando.
- Está triste? Minha princesa, responda-se ao menos uma de minhas perguntas. - ele falou dando mais um passo em minha direção. - Só uma pergunta?
- Sim. - respondi quando ele me alcançou e segurou meus pulsos. - responderei uma pergunta. - falei firme, sem olhar em seus olhos.
- Está triste pelo mesmo motivo que me acordou com um beijo ou pelo mesmo motivo pelo qual chorou quando fui atingido pelo sol? - ele perguntou me puxando para perto dele. Colocando minhas mãos em seu peito.
- Sim, sim - respondi quase sem sol, meu coração disparado pela proximidade dele.
- Minha princesa está se apaixonando pelo monstro? - ele falou com um sorriso malicioso em seus lábios.
- Não. - respondi ainda tentando buscar o ar
- Não entendi. - ele falou confuso, passando suas mãos pela minha cintura e me aproximado de seu corpo. - Seu coração está gritando outra coisa, minha princesa. - ele falou ressaltando o quanto meu coração parecia ruidoso naquele momento.
Engoli em seco e falei: - Não estou me apaixonando por você, pois isso já ocorreu há muito tempo...
- Não estou entendendo. - ele falou olhando bem nos meus olhos
- Eu há muito já me apaixonei por você! Talvez o medo seja maior por isso. Por saber que sou completamete vulnerável a você! - falei me soltando de seu aperto e caminhando em direção a cortina. 
Ao perceber que já havia anoitecido, abri a cortina.
- Sua alteza já tem suas respostas e já não precisa mais ficar preso aqui. - falei apontando para a janela.
- Perdi a hora! - ele falou. - Preciso ir. Nos veremos em breve,minha princesa. Na cerimônia!



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